Resumo

Este estudo se propõe a analisar as diversas influências da alegria na vida das pessoas envolvendo principalmente a área de saúde e a questão da utilização do bom humor como terapêutica para evolução dos pacientes. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, realizada em Salvador-BA com enfermeiros de ambos os sexos. Os relatos dos sujeitos, a partir da entrevista possibilitaram resultados que confirmam que existe uma presença marcante de satisfação profissional entre eles, o bom humor do paciente interfere na sua evolução, existem motivos que levam a equipe de enfermagem a dar um bom atendimento, a importância da motivação da família com o paciente, além do conhecimento e apoio aos doutores da alegria e as principais situações que trazem satisfação ao profissional de enfermagem. Pudemos concluir que a alegria então é uma emoção necessária na área hospitalar.

INTRODUÇÃO

Há muito tempo percebeu-se a influência das emoções sobre a saúde, que colaboram positivamente ou pioram o estado geral do paciente.
Segundo Santos (2003) na Grécia antiga, a cidade de Atenas abrigava o Santuário de Asclépio, um centro em que se misturava arte, filosofia e medicina, onde o tratamento era feito a partir de espetáculos musicais, peças de teatro e à casa de comediantes, onde os doentes riam e se “curavam”. Mais a frente, no século XVI, era comum os médicos receitarem ler ou ouvir histórias engraçadas, pois os sábios da época, diziam que a Alegria dilatava e aquecia o organismo, enquanto a tristeza contraía e esfriava. Já no século XX, o paciente Norman Cousins, foi informado que tinha uma curta sobrevida, por possuir uma doença degenerativa. Então ele resolveu ir para casa assistir seriados cômicos e receber seus amigos. Suas risadas e o bom humor lhe deram mais 15 anos de sobrevida.
A partir dessas histórias e de pesquisas recentes, constatou-se que rir pode ter o mesmo efeito de uma sessão de ginástica, pois protege o coração, fortalece o sistema imunológico, facilita a digestão e limpa os pulmões. Uma outra vantagem de rir é reduzir a liberação de hormônios associados ao estresse.
“Quem não ri não pensa, não cria, não ousa, não vive, ela explica que quando rimos fazemos uma micromassagem em todas as células do nosso corpo.” (NAVARRO, 2000).
Com base em tudo isso, a medicina tem estudado a importância do bom humor e dos sentimentos positivos na prevenção de doenças e até mesmo como fator de recuperação de pessoas vitimadas por moléstias graves.
Diante dessa abordagem o estudo foi realizado, tendo como questionamento principal a seguinte questão: Qual a opinião dos profissionais de enfermagem sobre a influência do otimismo e do bom humor no ambiente de trabalho, abrangendo pacientes, familiares dos enfermos e os próprios profissionais de saúde?
O estudo teve como objetivo geral demonstrar como o enfermeiro utiliza-se dessa emoção (alegria), diante das dificuldades dos seus pacientes e como estes reagem diante desses profissionais que envolvem otimismo, bom humor e alegria na sua rotina.
Esse trabalho vai esclarecer as diversas faces da alegria, conceituando-o, abordando sua função, seus pontos positivos e negativos, aspectos fisiológicos e a sua relação com a enfermagem. Servindo como referência para nós acadêmicos, a importância da comunicação verbal e não verbal com otimismo, bom humor e atenção no dia a dia.

Metodologia

A elaboração desse estudo teve por base a pesquisa descritiva explorativa fundamentada na abordagem qualitativa, sendo escolhida esta abordagem, por melhor adequar a análise do objeto e dos objetivos desse estudo que teve como campo empírico Saúde emocional de profissionais e pacientes.

Essa pesquisa foi realizada em várias localidades, em Salvador-BA, durante o mês de abril de dois mil e nove. Os sujeitos da pesquisa foram profissionais de Enfermagem de ambos os sexos, cuja amostragem foi por conveniência e artigos, selecionados por contemplarem a temática abordada.

Os profissionais foram identificados com pseudônimo de flores, sendo eles: Girassol, Jasmim, Violeta, Orquídea, Lírio, Azaléia, Cravo, Margarida, Tulipa, Rosa e Rosa Menina. Essa medida foi tomada visando atender a um imperativo ético de preservação da identidade dos sujeitos.

Os dados foram coletados através de uma entrevista estruturada, constando 6 questões subjetivas. Os dados obtidos foram gravados em MP4, com autorização dos entrevistados, visando o registro fidedigno das falas.

A análise e discussão dos resultados foram feitos através da transcrição das falas e leitura e dos depoimentos, sendo agrupadas sob a forma de categorias, de acordo com as similaridades das respostas dos entrevistados, destacando-se as seguintes: Satisfação profissional; influência do humor do paciente na sua evolução; formas de motivação da família para com o paciente, motivos que levam a equipe de enfermagem a dá um bom atendimento; conhecimento do trabalho dos Doutores da Alegria e situações e/ou casos que trazem satisfação ao profissional de enfermagem.

Em cada categoria foi possível estabelecer um parâmetro entre o depoimento dos sujeitos da pesquisa e o referencial utilizado para realização desse estudo, com o objetivo de realizar reflexões criticas no momento de associar a opinião dos enfermeiros com os achados da literatura pertinentes á categoria aborda.

DESENVOLVIMENTO

“A alegria é uma energia boa, contagiante, que brota nas nossas almas e irradia-se, banhando nossa mente, nosso corpo, fazendo sorrir. Ela não precisa vir de fora da gente”. (LAMBERT, 1989)
Para Ballone (2003) as Emoções como alegria, bom-humor, otimismo desencadeiam a liberação e produção de endorfinas, ou seja, os “chamados” hormônios da felicidade e da longevitude. Esse hormônio é produzido na hipófise e liberado na corrente sanguínea juntamente com outros hormônios como o SH (hormônio do crescimento) e o ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) que estimulam a produção hormônios do bem estar.
Cientistas e pesquisadores afirmam que aqueles que riem com freqüência são mais saudáveis, além de muito bem-humoradas. Rir é uma atividade aeróbica que facilita a oxigenação do organismo. Após boas gargalhadas, os músculos relaxam, reduzindo a produção de hormônios neuroendócrinos associados ao estresse, tais como: epinefrina, cortisol e adrenalina. (BARROSO, 2002)
Atualmente sabe-se que existe uma vinculação direta entre o humor e a boa saúde, e por isso são realizadas como medidas alternativas ao tratamento médico convencional, terapias como a risoterapia, para melhorar o bem estar geral do paciente. Estudos comprovam a importância do bom-humor na qualidade de vida, sobretudo na prevenção de doenças e recuperação de moléstias graves, como exemplo o câncer, confirmando a interação existente entre o sistema nervoso, imunológico e endócrino.
Como todas as emoções, a alegria é utilizada como método paliativo no acompanhamento terapêutico, pode ser observada negativamente a partir do momento em que o estado de empolgação exacerbado de um individuo pode levar à atitudes impensadas, fazendo com que o mesmo não encare seus problemas com seriedade, além disso essas atitudes podem ser mal interpretadas.
Araújo e Silva (2006) relatam que é necessário discernimento e cautela por parte do enfermeiro ao utilizar estas habilidades de comunicação com o paciente fora de possibilidades terapêuticas. O otimismo no relacionamento não deve transmitir a impressão que a comunicação não é realista ou que os sentimentos negativos e necessidades emocionais do paciente não são conhecidos pelo profissional.
Em contrapartida, os pontos positivos da Alegria são muitos, podendo trazer efeitos fisiológicos importantes para evolução do paciente. É uma emoção contagiante, que trás como tendência a aproximação física, toques, abraços e conseqüentemente a confiança entre o paciente e o profissional de saúde.
De acordo com Araújo e Silva (2006) o bom humor entre pacientes, familiares e equipe de enfermagem proporcionam a construção de relações terapêuticas que permitem aliviar a tensão inerente a gravidade da condição e proteger a dignidade e os valores do paciente que vivencia a terminalidade.
A concepção moderna que a Psicologia tem a respeito dos sentimentos é que não são entidades mentais e abstratas, mas sim manifestações corporais, concretas, do organismo. (GUILHARDI, 2001)
Neste sentido, então, não há sentimentos sem uma manifestação corporal correspondente. Sendo assim, as manifestações corporais da alegria, do bom humor e do otimismo podem ser subdivididas em manifestações respondentes ou autônomas (diminuição da freqüência cardíaca, respiratória) e manifestações operantes ou voluntárias (cantarolar, gesticular, assobiar, gritar, aplaudir, abraçar, dançar)
Segundo Darwin (2000) o riso parece ser primariamente a expressão da mera alegria ou felicidade. Durante o riso, a boca se abre de forma considerável, com os cantos puxados para trás e para cima; o lábio superior também se eleva um pouco. As bochechas são puxadas para cima pela contração dos grandes zigomáticos e pela elevação do lábio superior. Rugas se formam em baixo dos olhos e nos mais velhos nas suas extremidades externas.

5 ENFERMAGEM X ALEGRIA
A atuação da equipe de enfermagem é primordial e indispensável para proporcionar o máximo de conforto ao paciente sob cuidados paliativos, ajudando-o a vivenciar o processo de morrer com dignidade, para que utilize da melhor forma possível, o tempo que lhe resta. Esse tipo de cuidado, integral e humanizado, só é possível quando o enfermeiro utiliza uma comunicação diversificada para que perceba, compreenda e empregue a comunicação verbal e não verbal.
No que se refere á comunicação com pacientes sem possibilidade de cura, há, porém, a falta de conhecimentos e habilidades por parte de número expressivo de profissionais de enfermagem.

Muitos profissionais mostram desconhecer técnicas de comunicação terapêutica, evitando o contato com os pacientes que vivenciam o processo de morrer, afastando-se dos mesmos, por não saber trabalhar os sentimentos que a situação de morte iminente lhes desperta (ARAÚJO e SILVA, 2006).
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Baseando-se na interferência das emoções sobre o estado físico e psicológico do paciente, surgem a todo instante terapias alternativas como os Doutores da alegria, que surgiu em Nova York no ano de 1986, através do palhaço Michael Christensen que treinou um grupo de artistas para apresentar-se em hospitais para crianças internadas. Dois anos depois Wellington Nogueira iniciou a implementação de um projeto similar no Brasil, que tinha como objetivo principal proporcionar alegria as crianças hospitalizadas, bem como suas famílias e profissionais de saúde. Utilizando recursos como mímicas, mágica, malabarismo, improvisação e música, esses profissionais realizam visitas duas vezes por semana, por aproximadamente seis horas diárias, onde eles percorrem todos os leitos, visando à criação de vínculos entre os diferentes profissionais que integram a equipe de saúde e familiares.
Além destes trabalhos desenvolvidos com crianças e adolescentes, existem grupos que também trabalham com idosos. O “Grupo Feliz Idade”. É um desses projetos que visa exatamente dá importância a grupos de idosos, que muitas vezes são esquecidos pelos familiares e até mesmo pela sociedade.
Para Nunes et al (2004) este “contágio” dentro do ambiente hospitalar vem reduzindo o stress e sofrimento ocasionados aos pacientes e seus familiares pelo tratamento neste tipo de ambiente e, diminuindo o medo das crianças diante dos profissionais de saúde.
Esse trabalho humanizado visa complementar a terapia, dando auxilio emocional e até mesmo orgânico, em diversos tipos de enfermidades, possibilitando várias alterações na rotina hospitalar, como por exemplo: levar o paciente, sua família e profissionais momentos de alegria, em meio á tensão do ambiente hospitalar; possibilitar para que possa colaborar com exames ou tratamento e amenizar o incômodo e sofrimento; oferecer atenção às crianças através das brincadeiras; favorecer a comunicação entre os profissionais de saúde para que torne o ambiente mais agradável e menos hostil para o paciente.

Análise e discussão dos resultados

Os dados foram coletados a partir de entrevistas com 11 profissionais de enfermagem. Os membros foram identificados com pseudônimos de flores, cujas caracterizações estão apresentadas no Quadro 1. Essa medida foi tomada visando atender às questões éticas de prevenção da identidade dos sujeitos.

Quadro 1 – Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Nome

Sexo

Idade

Girassol

Masculino

23

Tulipa

Feminino

45

Orquídea

Feminino

29

Violeta

Feminino

30

Lírio

Masculino

26

Jasmim

Feminino

46

Cravo

Masculino

35

Margarida

Feminino

39

Rosa

Feminino

32

Azaléia

Feminino

41

Rosa menina

Feminino

28

· Satisfação Profissional

Todos os entrevistados nesse quesito declararam que na sua profissão sentem-se satisfeitos e alegres. Pelos seguintes motivos: dedicação, realização, reconhecimento, satisfação, por contribuir com o bem estar, cura, prazer, afinidade, salvar, amenizar, sofrimento, como podemos verificar através dos depoimentos abaixo:

“Sim. A melhora clinica do paciente, a sua alta, a cura de um paciente”. (Margarida)

“Sim. A maior alegria é o reconhecimento do seu trabalho, bem como a melhora do paciente junto com a sua satisfação do atendimento prestado”. (Cravo)

"Satisfação no Trabalho pode ser definida como um estado emocional agradável ou positivo, que resultou da avaliação de algum trabalho, ou de experiências no trabalho". MARTINS (1985).

O homem avalia suas experiências no trabalho utilizando a bagagem de atitudes, crenças e valores que traz consigo o que resulta em um estado emocional que, se agradável, produz satisfação, se desagradável, leva à insatisfação.

· Influência do humor do paciente na sua evolução

Com unanimidade os entrevistados declaram que o humor do paciente interfere sim na sua evolução, a partir do momento em que eles observam melhora em pacientes Alegres, otimistas, sorridentes, confiantes, com boa auto-estima, força de vontade, espírito de luta, aprendizagem, igualdade, resistência, bom humor e fé, evidenciados nos seguintes depoimentos:

“Claro. O paciente com humor elevado produz substancias que amenizam o sofrimento e fortalecem o sistema imunológico ajudando na terapêutica, reduzindo assim os dias de hospitalização”. (Violeta)

“Com certeza, o bom humor, a alegria revigoram os sentidos, fortalece a alma, tornando-o mais otimista e influenciando diretamente na sua melhora”.(Tulipa)

“Com certeza. Existem explicações fisiológicas sobre a influência do humor um bom prognóstico do paciente. A alegria, expressada no sorrir é a mais fácil de perceber, os pacientes demonstram mais confiantes e acabam esquecendo do seu estado de doença”. (Rosa)

O resultado acima está evidenciado na citação de McGhee (1983) O riso tem uma série de efeitos mesuráveis. Um ataque de riso aumenta atividade do sistema nervoso autônomo, elevando a freqüência cardíaca, a transpiração e a tensão muscular. Quando paramos de rir os músculos relaxam e o batimento cardíaco e a pressão sanguínea caem para níveis para abaixo do normal, sinais de relaxamento. Evidentemente, o riso pode acalmar as pessoas. Alguns psicólogos acreditam que ele melhora saúde e prolonga a vida.

É de extrema importância perceber o valor existente na melhora do humor para recuperação dos pacientes, porque se percebe que num surto de alegria há presença de alterações fisiológicas que resultam na melhora do paciente.

· Formas de motivação da família para com o paciente

Os entrevistados disseram que a família pode motivar o paciente das seguintes formas: dando carinho, conhecimento, recuperação, motivação e conforto, amparo, fortalecimento, harmonia, interação, esperança, apoio, confiança, família paciente, amor e presença, como relatam os depoimentos abaixo:

“Dando apoio, dando carinho, estando presente nos exames, mostrando que está junto”. (Girassol)

“Tanto motivar como desmotiva. A presença de um familiar interessado e que ajuda neste acompanhamento faz com o que este paciente se sinta mais confortável e amparado”. (Jasmim)

“Sim. A família pode motivar o paciente durante as visitas, proporcionando momentos de prazer, conforto e confiança, um paciente motivado, acredita na equipe cuidadora e na terapêutica prestada, reduzindo assim os dias de hospitalização ou fazendo esses dias melhores”. (Cravo)

Esses relatos condizem com Martins (1992, p.56) destaca que as pessoas se fortalecem muito com o apoio dos familiares e dos amigos, ressaltando ainda que tem certeza que ficou curada porque todos a apoiaram e a ajudaram, [...] as pessoas precisam saber que o paciente precisa de presença, da amizade, ajuda, afeto e verdade, pois tem mais de 80% de possibilidade de cura se tiver ao seu lado a presença de pessoas que ama e em quem confia”.

Foi possível perceber o quanto a família é relevante neste processo de recuperação do paciente, uma vez este procura apoio e forças nas pessoas mais próximas, nos momentos mais difíceis.

· Motivos que levam a equipe de enfermagem a dá um bom atendimento

Os entrevistados responderam que trabalham com satisfação no atendimento ao paciente a partir de: problemas superados, salário, realização, reconhecimento, boas condições de trabalho, qualificação, motivação, vontade, profissionais, identificados nos depoimentos abaixo:

“Focando sempre no seu objetivo, que é a melhora do paciente, deixando que os problemas pessoais e com a equipe sejam superados, e com isso não interferindo no tratamento dado ao paciente”. (Lírio)

“O principal é gostar de ser da Enfermagem, o ser Enfermeiro, o ser Técnico de Enfermagem”. (Azaléia)

“Precisa se valorizar quanto equipe, ter melhores condições de emprego, salário, redução de carga horária e um melhor redimensionamento do pessoal. Assim, pode-se ofertar um cuidado de qualidade e humanizado.” (Margarida)

Esses depoimentos corroboram com Locke: “Satisfação no Trabalho pode ser definida como um estado emocional agradável ou positivo, que resultou da avaliação de algum trabalho, ou de experiências no trabalho”.

Diante do exposto observamos que, quando juntamos os fatores que promovem a satisfação profissional, o trabalho da equipe de enfermagem é mais produtivo e satisfatório ao paciente.

· Conhecimento do trabalho dos Doutores da Alegria

Os entrevistados conhecem o trabalho dos Doutores da Alegria e afirmam que eles conseguem mudar o humor dos pacientes deixando-os alegres, felizes, amorosos, e que este é um trabalho, fantástico, interessante, prático, importante e que beneficia a saúde.

“Sim, é um trabalho que exerce uma energia de otimismo e positivismo, que contagia o paciente, interferindo na sua melhora positivamente”. (Orquídea)

“Conheço e trabalho em uma Instituição que existe os "Terapeutas do riso". é uma equipe que trabalha com amor e alegria, melhorando o humor dos pacientes”. (Violeta)

O trabalho dos Doutores da alegria tem como objetivo principal “(…) usar o conhecimento, arte e sensibilidade para avaliar a necessidade da criança e colocar esses conhecimentos a seu dispor”.

Seu trabalho realiza atividades divertidas como: injeção da alegria, extração do mau humor e transplante de nariz vermelho. Esse projeto tem como tema “Campanha do riso”, o nome tem como a palavra chave o riso, pois para Menezes (1974), “o riso é um evidente sintoma da saúde física e mental, individual e coletiva”.

Esse projeto é de grande importância por considerar que a criança/paciente hospitalizado necessitam de ações que possam miniminizar o estresse e assim contribuir para que a hospitalização interfira o mínimo possível em seu desenvolvimento, contribuir para diminuir o receio dos pacientes em relação aos profissionais da saúde e aos procedimentos técnicos realizado pelos mesmos, ajuda também a resgatar a alegria e a vontade de viver dos pacientes hospitalizados.

· Situações e/ou casos que trazem satisfação ao profissional de enfermagem

Todos os profissionais, nesse quesito, afirmaram que situações como a alta hospitalar, um bom prognóstico, evolução, esforço, disposição do paciente trazem satisfação profissional, além da boa relação com a equipe de trabalho. Como relatam os depoimentos abaixo:

“A melhora de um paciente que estava desacreditado”. (Rosa Menina)

“A melhora do paciente seguida de sua alta. Ou se não tiver mais condições terapêutica de um prognóstico bom, fazer sempre o melhor”. (Margarida)

“Quando vemos pacientes críticos e com prognósticos ruins, saírem ilesos. E quando os mesmos voltam para nos agradecer, ou quando deparamos com pacientes portadores de transtornos mentais tendo autonomia para conviver “normalmente” em sociedade.” (Cravo)

“A satisfação do profissional em assistência primária à saúde esteve diretamente associada com a melhor qualidade da relação com o paciente e com uma expectativa prognostica mais favorável” (HALAL, 1994).

Notamos que a boa relação entre o paciente e os profissionais de saúde, é de suma importância para o desenvolvimento de um bom trabalho, atingindo metas e satisfazendo as expectativas de ambos.

CONCLUSÃO

Diante do presente estudo podemos notar que a alegria é uma emoção necessária na área hospitalar, pois é um ambiente muito estressante, onde envolve profunda adaptação das pessoas. Contudo pode ser amenizada pelo fortalecimento de certas condições como: presença dos familiares, disponibilidade afetiva por parte dos profissionais de saúde, informação, atividades recreativas, entre outras.
Vale ressaltar que são necessárias habilidades no desenvolvimento dessas emoções pelos profissionais de saúde, respeitando os sentimentos negativos do paciente, considerando também a verdade e a transparência otimista no relacionamento.

Nas entrevistas realizadas com profissionais de enfermagem, a opinião foi unânime no que se refere à importância do bom humor e otimismo para salvar ou até mesmo amenizar o sofrimento do paciente, em função disso é necessário que principalmente os acadêmicos conheçam e desenvolvam técnicas de comunicações terapêuticas, para utilizações dessas habilidades no desempenho de sua vida profissional.

Referencias

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BARROSO, A. Sorrir é papo sério. 2001. Disponível: www.jbonline.terra.com.br/papel/caderno/vida/ > Acesso 10 de abril de 2009 às 12h 23min.

DARWIN, Charles. A expressão das emoções no homem e nos animais. Introdução de Konrad Lorenz. Tradução Leon de Souza Lobo Garcia. São Paulo: Schwartz, 2000.

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HALAL, I.S. et al. Avaliação da qualidade de assistência primária à saúde em localidade urbana da região sul do Brasil. Rev. Saúde Pública, 28: 131-6,1994. Disponível:< http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v28n2/07.pdf> Acesso em 11 de maio de 2009 às 10h e 30min.

LAMBERT, Eduardo. Terapia do riso - A cura pela alegria. 1ed. São Paulo: Pensamento, 1999.

MARTINS, B. M. Câncer: uma luta com fé. Sem local: Nova Prova, 1985.

MENEZES, E.D.B. O riso, o cômico e o lúdico. Revista Cultura, v.68, n1, p.5-15, 1974.

NAVARRO, Leila. Talento para ser feliz. 13 Ed. São Paulo: Gente, 2000.

NOGUEIRA, W; MASETTI, M. Os "Doutores da Alegria": um relato de experiência. Rev. O Mundo da Saúde. São Paulo, v.24, n.4, jul/ago.2000, p.2

PEREIRA, Antonio; A hora e a vez da competência emocional, levando inteligências às emoções. 4º Ed. Salvador, BA: Casa da qualidade, 1997.

Nunes et al. Terapia da Alegria. 2004. Disponível em:< http://www.saudebrasilnet.com.br/premios/saude/premio4/trabalhos/024.pdf> acesso em: 04 de maio, 2009 às 08h30min.

SANTOS, Tatiana Mendes L.; Felicidade e Saúde- Quem ri, vive mais e melhor. Disponivel:<http://www.faac.unesp.br/pesquisa/nos/alegria/sorria/bom_hum.htm > acessado em 09 de abril de 2009.

APÊNDICE - ROTEIRO DE ENTREVISTA

Este roteiro tem como finalidade servir de instrumento para coleta de informações sobre a visão dos profissionais de enfermagem sobre a importância da emoção (alegria) no campo de trabalho, utilizando-se da técnica de entrevista estruturada.

Idade:_________

Sexo:_________

1º. Tem algo que te faz sentir alegria e satisfação na sua profissão? Sim ou Não. O quê?

2º. O humor do paciente interfere na sua evolução? Sim ou não. De que forma?

3º. A família pode incentivar o paciente? Sim ou Não. Como?

4º. O que é preciso para que a equipe de enfermagem trabalhe com satisfação no atendimento ao paciente?

5º. Você conhece o trabalho dos Doutores da alegria? Qual a sua opinião sobre eles?

6º. Que tipo de casos ou/e situações que deixam as equipes mais animadas?